- Área: 1465 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:João Ferrand
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Fabricantes: DDL, MARGON, Mosaic Del Sur, Nuprotec, RESSETENDE
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projecto de reabilitação do Palacete da Quinta do Bom Pastor consistiu numa obra de adaptação para a instalação da sede da Conferência Episcopal Portuguesa – um programa de serviços extenso, diversificado e complexo. Embora a primeira referência histórica à Quinta da Buraca remonte a 1712, foi apenas na 2ª metade do séc. XVIII que se configurou o actual conjunto edificado, constituído por casa nobre, estruturas secundárias, jardim de buxo e pavilhão de fresco.
No edifício central situam-se a maioria dos serviços, que se distribuem pelos três pisos tirando partido da compartimentação e elementos decorativos pré-existentes – nomeadamente tectos, pavimentos e vãos interiores em madeira. Na articulação com os corpos secundários situam-se a área de recepção/espera e os espaços comuns – biblioteca, bar, instalações sanitárias e salas de reuniões, assim como o elevador, uma adição essencial para a circulação entre os edifícios que antes funcionavam de forma autónoma. Procurou-se preservar as características do edificado no que diz respeito aos materiais e linguagem, recorrendo a reinterpretações nas áreas de intervenção mais profunda.
O programa a instalar e o tipo de utilização exigiam uma grande carga infraestrutural, que importava introduzir preservando a integridade da pré-existência. Simultaneamente, havia a necessidade de garantir o correcto funcionamento higrotérmico do edifício, corrigindo as causas das anomalias e introduzindo isolamento nas coberturas. Todas as soluções foram dimensionadas espaço a espaço, caso a caso, tendo em conta a função, número de utilizadores, orientação solar, fenestração, inércia térmica, carga térmica...
Procurou-se também identificar, diagnosticar e reabilitar os elementos decorativos que caracterizaram as sucessivas intervenções no edifício, consequência dos diversos proprietários que quiseram deixar a sua marca – como, por exemplo, os elementos originais do edifício em cantarias e balaustradas em pedra e gradeamentos em ferro, mas também aos painéis de azulejos decorativos (interiores e exteriores), a fachada de azulejos relevados voltada para o jardim de buxo, os “embrechados” e os frescos no tecto do pavilhão de fresco.
A intervenção nos espaços exteriores foi também muito importante no conjunto, tendo em consideração a classificação da Quinta do Bom Pastor como espaço verde de interesse municipal – requalificando muros e caminhos, mantendo sinais da sua matriz rural, redignificando o jardim de buxo e procurando reintegrar os espaços na relação do edifício com o exterior.